08 fevereiro 2014

Sorte ou Azar? - Capítulo 11


Pareceu que aquilo havia sido verdade, pelo menos naquele dia. Os tempos de Miley lançar feitiços haviam acabado. 
Naquela noite, quando voltei da casa de Taylor, Petra estava borbulhando com mais novidades. 
- Tirei o único dez de toda a minha turma de gliconutrição – desembuchou ela no minuto em que entrei na cozinha para pegar um refrigerante. 
- Uau – elogiei. – Parabéns, Petra. 
- São tantas coisas boas num dia só! – Petra suspirou, feliz. – Nem posso acreditar. 
- Eu também não! – exclamei. 
- Ah, Demetria. O Joe ligou. Olha aqui o recado. Ele pediu para você ligar de volta. 
Não me incomodei em ir ao meu quarto para ligar para Joe. Nem me ocorreu. Em vez disso, peguei o papel que Petra me entregou e digitei o número no telefone da cozinha, imaginando o que Joe teria a dizer, pois eu já havia passado uma hora com ele naquela tarde, dando pedaços de pretzel a alguns patos no Central Park, depois de escapar do jogo de softball que o professor Winthrop havia organizado para a nossa turma no campo de beisebol. Joe havia recebido a má notícia – sobre a próxima visita de Willem a Manhattan – de modo muito maduro, na minha opinião. 
- Ah, meu Deus, é você. – A voz profunda de Joe fez meu corpo todo formigar. – Adivinha. 
- O quê? 
- Bem, você sabe que meu pai vive conseguindo ingressos de graça para as coisas, por causa do trabalho dele não é? 
- Sei. 
- Bem, alguém deu dois ingressos a ele para ver um violinista no sábado à noite no Carnegie Hall. Ele não quer ir, mas sei como você gosta de violino, por isso pensei que talvez você tivesse ouvido falar do cara, Nigel Kennedy... 
Não pude conter um som ofegante. Parecendo que estava rindo, Joe continuou: 
- É, foi o que pensei. Parece que ele é bom. Por isso imaginei se você estaria interessada. Pensei em ir junto... como amigo, claro. Quero dizer, a não ser que você prefira levar alguém da orquestra, ou algo assim.
Nigel Kennedy! Não dava para acreditar!
- Nossa, Joe – berrei ao telefone. – É fantástico! Mas tem certeza que você não vai achar uma chatice? 
- Acho que consigo suportar. Você pode me cutucar se eu cair no sono. 
Respirei fundo, feliz, e então prendi o fôlego, enquanto Miley entrava na cozinha vindo do quintal e me olhava da porta, com uma expressão sombria. Será que ela tinha ouvido? 
- Pensei que a gente poderia jantar antes, ou algo assim – continuou Joe. – Como amigos, claro. Talvez você pudesse me dar mais umas dicas sobre como ganhar a Petra. 
- Rá! – falei ao telefone. Miley tinha ouvido, claro. O olhar dela ia ficando mais ameaçador a cada segundo. – Claro. Parece ótimo. 
- Legal. Vejo você na escola. 
- Até lá. – Desliguei. Ainda encostada no portal, Miley me encarava. 
- Então – disse ela. – Você e o Joe vão sair esta noite? 
- No sábado à noite. E só como amigos. Não é um encontro nem nada. O pai dele ganhou dois ingressos grátis para ver Nigel Kennedy, o violinista inglês, no Carnegie Hall, e Joe quis saber se eu estaria interessada em ir com ele... 
Não sei porque dei tantos detalhes, simplesmente saiu. Deve ser porque estou muito emocionada... Caramba, Nigel Kennedy!
Ou talvez eu quisesse provar à Miley que suas amiguinhas estavam erradas.
Miley me olhou, inexpressivamente. 
- Não sabia que o Joe gostava de música clássica. 
- Bem... – Olhei para Petra, que estava parada ali perto, cortando legumes. Além do fato de seus ombros terem ficado meio tensos, Petra não deu sinal de que estivesse prestando atenção à nossa conversa. – Não sei. Talvez ele queira expandir os horizontes ou algo assim. 
- Não é uma graça? – o tom de Miley sugeria que ela pensava exatamente ao contrário. – O que aconteceu com seu cabelo? 
Levantei a mão instintivamente para tocar o cabelo. Tinha esquecido que Taylor havia feito umas experiências com ele durante a tarde. Ela o havia escovado fazendo um coque bufante e doido, e insistiu que eu fosse para casa assim. 
- Ah, isso. Foi Taylor. A gente estava de bobeira na casa dela e resolveu experimentar. 
- Bom. Que ótimo. Primeiro você rouba meu namorado. Depois rouba minha melhor amiga. É assim que fazem as coisas lá em Iowa? Porque certamente por aqui as coisas não funcionam assim.

Tentando manter a calma, falei: 
- Você sabe perfeitamente bem que Joe não gosta de mim, a não ser como amiga. E ele nunca foi seu namorado. Você tem namorado. O Liam, lembra? – Não queria trazer à tona o lance do "amigos com benefícios" na frente de Petra, por isso só acrescentei: – E Taylor acha que, desde que você começou a andar com Chelsea e Emily, não se importa com ela. Você nem parece querer passar algum tempo com ela. Na verdade, você até mesmo a excluiu, praticamente a expulsou da sua mesa hoje, e ela estava mal. Então por que eu não deveria fazer isso? 
- Não me interessa com quem você passa o tempo – disse Miley, cheia de escárnio. – Só estou imaginando por que alguém passaria tanto tempo com um cara que você diz que nem está interessado em você. Como se não bastasse passar a aula de educação física com ele todos os dias. Ah, não. Agora ainda vai a um concerto com ele. 
Olhei para Petra. Ela ainda estava picando legumes. 
- Olha, Miley, se isso vai deixar você chateada, eu ligo para ele dizendo que não posso ir... 
Porque, o que mais eu iria dizer? 
Mas Miley pareceu não gostar dessa idéia, também. 
- Ah, não. Não deixe de ir por minha causa. Não me importo como você desperdiça o seu tempo. Ele é seu. Imagina só, ir a um concerto de música clássica com Joe Jonas. O que me importa? Quando acabar, talvez vocês possam fazer um passeio pelo Central Park, já que parecem gostar tanto disso. Não seria divertido? Diversão boa e limpa. Porque Deus sabe que a prima Demetria de Iowa nunca faria nada ruim. A não ser matar a educação física, claro. 
Olhei para Petra, que havia desistido de fingir que não estava escutando. Tinha se virado da tábua de picar e ouvia totalmente, o olhar focalizado em Miley, a expressão indecifrável. 
- Imagino o que o professor Winthrop diria se descobrisse o que vocês dois estão aprontando – disse Miley, num tom pensativo. – Você e o Joe. Juntos todos os dias na educação física. Você sabe, o professor Winthrop não suporta quando as pessoas matam a aula dele. 
Engoli em seco. 
- Isso seria uma ameaça, Miley?

Miley gargalhou. Havia tirado o uniforme da escola e posto outra de suas minissaias pretas. Esta parecia feita de couro. 
- Não. Isso é, imagino se Joe iria continuar sendo seu amiguinho se por acaso eu mencionasse que aquele livro que você comprou na Encantos não era para sua irmã, afinal de contas, e sim para seu uso pessoal...
- Miley – chamou Petra. 
Miley estivera andando lentamente na minha direção enquanto falava. Neste momento, ela se virou, impaciente. 
- O que é? – Miley praticamente gritou para Petra.
Mas Petra estava perfeitamente calma enquanto dizia: 
- Sua mãe ligou do escritório hoje. Disse que seu orientador entrou em contato com ela, no trabalho. Sua mãe quer que eu garanta que você estará em casa hoje na hora do jantar, para que ela e seu pai possam conversar com você. Acho que você sabe qual é o assunto. Então, por favor, fique em casa esta noite, certo? 
Miley não disse nada. Em vez disso, lançou um olhar de puro ódio na minha direção. O olhar dizia claramente demais: "Você fez isso, não fez?". 
Balancei a cabeça. Claro que não tinha feito! O que quer que fosse, Miley havia provocado sozinha. 
Mas era muito tarde. Tarde demais. 
Miley soltou um riso que não tinha nenhum humor.
- Está certo. É guerra, Jinx. 
Em seguida se virou e saiu correndo da cozinha. Alguns segundos depois ouvimos a porta da frente bater, com força suficiente para chacoalhar as janelas. 
Mas o que eu fiz, agora?
Foi Petra que rompeu o silêncio em seguida. 
- Escute, Jinx. Vá à tal coisa, a coisa do violino. Vá com o Joe. 
Balancei a cabeça. 
- Não, Petra. Não vale a pena, se ela vai ficar tão chateada. Está tudo bem, de verdade. 
De que adiantava? Miley só iria contar ao Joe, na primeira oportunidade, sobre meu passado de fazer feitiços... pelo menos o que ela sabia a respeito, que, felizmente, não era muito. E ele perceberia que sou tão pirada quanto ela – talvez até mais – e me largaria como uma batata quente.

- Não, não está tudo bem – Petra levantou a voz pela primeira vez desde que eu a havia conhecido. Pelo menos para mim. Espantada, olhei para ela. – Tem alguma coisa errada nesta casa, eu sei. E estou dizendo: o que há de errado nesta casa é aquela ali. – Petra apontou com a faca na direção da porta por onde Miley havia acabado de sair. – Não é justo ela dizer isso a você, que você não pode ver o Joseph. Ele não pertence a ela. Ele nunca fez nenhuma promessa a Miley. Saia com ele. 
- Não vale a pena, Petra. Só vai deixar Miley com raiva. 
- Ela já está com raiva. – Petra se virou de novo para as cenouras. – Deixe que eu cuido da raiva dela. Estou acostumada. 
Não pude deixar de sorrir um pouco diante das costas fortes e esguias de Petra. Ela não fazia idéia do que estava falando. Era realmente engraçado, se a gente pensasse bem. 
- E o que ela quis dizer com aquilo? – a au pair se virou de novo. – O que ela falou sobre uma guerra? 
- Nada. – Levantei a mão e toquei o pentagrama pendurado no pescoço - Na verdade eu nem sei, deve ser outra loucura dela. - Segurei o pentagrama com força.
Pelo jeito, eu precisaria da sorte que ele deveria me trazer mais cedo do que esperava.


Eu ia parar de postar barrinhas por causa da borda das fotos, mas estava olhando umas postagens antigas e essa aqui ficou até mais bonitinha com o sombreado ^^ Então vou voltar a postar com ela ao invés dos asteriscos - talvez.
E então, o que acharam do capítulo?
Agora chegamos exatamente na metade a fic! O que estão achando da adaptação até agora?
Quero saber a opinião de você, hein! Acham que está bom? Acham que tem que mudar alguma coisa? Comentem!
Até quarta, amores.
~xoxo

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